[RESENHA] Histórias para Soldados – José Campos de Aragão

historias-para-soldados-jose-campos-de-arago-729301-mlb20310615155_052015-fTítulo: Histórias para Soldados
Autoria: José Campos de Aragão
Editora: Biblioteca do Exército Editora (BibliEx)
Nº de páginas: 216
Gênero: Contos | Ficção militar | Biografia | Relato | Etc
Nota: ★★★½

 

 

EXPLICAÇÃO NECESSÁRIA

Sempre achei que a Biblioteca do Exército deveria publicar, também, obras destinadas aos soldados. Talvez a sua programação anual comportasse um, ou mesmo, dois livros acessíveis ao elemento básico: o conscrito. ‘Histórias para soldados” é uma tentativa nesse sentido.

O autor.

Quem me conhece sabe que sou meio que fanboy da escrita do Gal. José Campos de Aragão. Cadete do Realengo é um dos meus livros favoritos e gosto de tudo de ficção que ele faz. Esse livro toma essa nota não tão positiva por causa do formato usado.

É um livro de contos para soldados (como o título diz) e que focam em coisas típicas das FA, como disciplina, a importância do Exército, patriotismo, cotidiano e vultos na história do país. Ele é dividido em duas partes: a primeira, “Que necessidade é essa de existir Exército?” e a segunda, “Encontro com heróis”.

A primeira trata de temas como unidade e identidade nacional. Esses são os melhores contos porque são em maioria narrativas diretas e em várias camadas; personagens contando histórias para outros personagens e aí vai. O mais interessante é o último, chamado A Madrugada Sangrenta, que é meio que um memoir do general da Intentona Comunista de 1935 – a qual ele combateu e que parece que tem um espaço especial nas memórias dele, já que uma parte de Cadete do Realengo trata disso também e já que ele escreveu um livro sobre o ocorrido. As descrições das batalhas são vívidas e rápidas, os personagens são interessantes e bem num estilo típico do general – muito patriotas, mas com personalidades marcadas e diálogos comuns, parecendo que realmente são pessoas reais que estão lá. Aqui, a maior parte das narrativas é mostrada e não contada.

A segunda parte tem alguns problemas para mim – a maior parte das narrativas é contada e não mostrada. Talvez por tratar de pessoas reais, muitas das quais morreram há muito, perde-se um pouco da capacidade de escrever uma narrativa mostrada. Vários deles são só pinceladas sobre momentos e personalidades históricas. O que mais se destacou para mim foram dois: “Antônio João”, que conta de um oficial morto no começo da Guerra do Paraguai, e “No corredor da morte”, que é uma dessas histórias em duas camadas e que conta sobre um tenente que serviu na FEB. Essa última é especialmente tocante.

A edição é pequenininha e agradável, como a de Cadete, mas a minha veio com as páginas que descolavam ao passá-las, como se tivesse sido costurado muito apertado. Estamos de olho, Record.

Mais uma coisa sobre a edição: ela é de 1964 e está muito bem conservada; e o General tinha uma insistência em Cadete, acho que mantida em Histórias, para que seus livros não fossem editados, saíssem como ele os escreveu. Por isso tem alguns erros de ortografia, uns typos, tropeços e erros de vírgula, mas nada muito ruim.

No final, é um bom livro pra quem se interessa pelo assunto, mas eu não recomendaria a quem quer começar a ler ficção feita por militares. Recomendaria Missão Pré-Sal 2025 da Vivianne Geber ou até mesmo Cadete do Realengo, do próprio José Campos de Aragão.

Sobre concluir coisas, vulgo “virando jedi”

Os exemplares físicos de Capital Revelada chegaram hoje. Cinquenta deles, uma primeira tiragem bem humilde como eu queria.

Isso marca o fim de uma parte da minha vida. Senta que lá vem a história:

Em 2010, quando comecei a escrever um original de FC (que está na gaveta há muito), pensei em deixar crescer um pedaço de cabelo para marcar a passagem do tempo até eu conseguir publicar algo. Em 2011, botei isso em prática: um fiapo de cabelo que saía da nuca e que eventualmente pude trançar, fazer de colar, de cachecol e de nó de forca. Isso me definiu por muito tempo: bêbados já me pararam pra perguntar qual o significado disso, clientes da livraria em que trabalhei falaram que me viram no metrô e me reconheceram por causa da trança (moça, isso foi creepy pra cacete, mas tudo bem), alunos do museu onde trabalhei se inspiraram pra fazer o mesmo, na faculdade me chamavam de Padawan, um amigo meu também criou uma trancinha dessas e sempre que me viam no serviço e não viam a trança, perguntavam se eu tinha cortado.

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Essa.

Isso ficou comigo até hoje, dia 3/3/2016.

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Toma.

Quem já leu Capital Revelada sabe que os cabelos têm uma importância simbólica nessa história. Todos cortam os cabelos no decorrer dos meses em que a história se passa, exceto um, porque não consegue seguir adiante, viver uma vida comum, superar o que está acontecendo, se libertar do ano de 2008.

E foi mais ou menos isso: cortar a trança foi deixar esse período para trás e me preparar para outro.

Agora o desafio é deixar o cabelo TODO crescer e só cortar quando conseguir uma editora. Eu estou chutando que isso aconteça em 4, 5 anos, e então poderei cortar e doar o cabelo. (O objetivo na real é doar, porque vou deixar crescer de qualquer jeito rs)

Obrigado por terem lido até aqui.

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CR em sua versão física pode ser obtido aqui: http://bit.ly/crfisico

Enquanto o e-book é aqui: http://bit.ly/capitalr